segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Lições aprendidas em 2008

Há dias vinha pensando nas palavras que gostaria de dirigir aos leitores deste blog, por ocasião das festividades de Ano Novo... até que decidi compartilhar algumas lições valiosas que aprendi durante 2008, na esperança de que sejam úteis ao seu crescimento e bem-estar em 2009. Parece-me que essa é uma excelente forma de desejar felicidade, saúde, amor e paz a todos vocês!

Aprendi essas lições de quatro pessoas com quem tenho o privilégio de conviver, e também do Profeta Fundador da Fé Bahá'í.

Dona Shoghieh Shaikhzadeh, mãe de minha amiga Faezeh, caiu e fraturou os dois ossos do antebraço. Fui imediatamente ao hospital dar-lhe apoio. Obviamente, ela estava com muita dor, mas enquanto aguardávamos o resultado do raio X, ela repetia uma frase que aprendera com seu pai:


Quando nos acontece algo inesperado ou aparentemente ruim, não devemos questionar a Deus "por quê?", mas sim pedir a Ele que nos mostre "qual é a sabedoria?".

Eu nunca havia pensado nesses termos. Há uma diferença sutil, mas profunda entre as duas perguntas, e elas conduzem a respostas e, conseqüentemente, resultados e conseqüências bem distintos. A tendência da gente é questionar, querer "tirar satisfações" com Deus, exigir explicações... ou seja, colocamo-nos em um lugar que não nos compete. Pior, por ser uma pergunta equivocada, todas as possíveis respostas que obtivermos estarão necessariamente erradas!

Esse foco – de querer explicações e justificativas racionais – não leva a nada. Quando questionamos "por que isso está acontecendo comigo?" – nosso modelo mental está baseado na premissa de que "eu não mereço isso", "isso não é justo" etc. Mas quando perguntamos "qual é a sabedoria?", estamos tentando descobrir e aprender o que toda a situação tem a nos ensinar. Aos poucos, vão surgindo peças de um quebra-cabeças: lições essenciais para o nosso crescimento, para o propósito de nossa existência.

Mudar a pergunta que fazemos a nós mesmos e a Deus representa um salto quântico na forma como percebemos e analisamos qualquer processo (especialmente os dolorosos!) pelo qual passamos. Aprendi algo valioso com meu amigo-irmão Charles Howard:

Talvez Deus se manifeste ou se oculte, a depender das perguntas que fazemos a nós mesmos!

Também aprendi com Mariana Aragão, acadêmica da Escola Bahiana de Medicina, que


"nem tudo faz sentido, mas tudo tem um significado".
Quanta sabedoria nas palavras dessa jovem de 23 anos!!! Todas as coisas que nos acontecem têm um significado: ou seja, têm um propósito, uma lição a ensinar à nossa alma, algo para o nosso benefício espiritual que está oculto em seu interior. Mas nem tudo faz sentido, ou seja, nem tudo tem uma lógica, ou aparentemente é justo, ou é perfeito, ou pode ser compreendido por nossa mente, ou se encaixa em nossa forma racional de analisar a realidade.

Portanto, melhor é não desperdiçarmos nosso tempo e energia na tentativa de querer descobrir "qual é o sentido" das coisas, mas sim focalizarmos em "qual é o significado", o propósito, o ensinamento, a lição que cada experiência nos possibilita.

Tentar descobrir qual é a sabedoria de tudo que se passa em nossas vidas, dar-se conta das oportunidades de aprendizado e transformação que cada crise nos oferece – isso tudo é a tentativa de extrair benefícios ("luz e misericórdia") de algo que aparentemente é apenas negativo ("fogo e vingança"). Estou citando um dos lindos versículos da extraordinária obra "As Palavras Ocultas", revelada por Bahá'u'lláh, em que Deus Se dirige ao ser humano:



"Ó FILHO DO HOMEM!


Minha calamidade é Minha providência; exteriormente, é fogo e vingança, mas, interiormente, é luz e misericórdia. Apressa-te para ela, a fim de que venhas a ser uma luz eterna e um espírito imortal. É este o Meu mandamento a ti; observa-o."

Concluindo com uma pitada de bom humor, cito o Prof. Dr. Antonio Carlos Souza, estimado colega na Escola Bahiana de Medicina, que diz


"o segredo da vida é saber transformar merda em estrume".
Essa frase reforça o que venho aprendendo, e que tentei compartilhar com vocês. Afinal, a matéria constitutiva da merda e do estrume é exatamente a mesma, mas o seu uso e aproveitamento são bem distintos. Merda é sujeira e mau cheiro, todo mundo foge dela. Estrume é um material precioso que permite adubar a terra, gerando frutos e prosperidade!

Que possamos lidar com todos os eventos de 2009 com a atitude que essas sábias pessoas e palavras nos inspiram!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Campanha da Fraternidade 2009: um novo blog

Galera,

As palavras do Profeta Isaías, mais atuais que nunca, nos alertam que "a paz é fruto da justiça". Esse será o lema da Campanha da Fraternidade 2009, que será uma preciosa oportunidade para se refletir e agir em prol da Cultura de Paz.

Temas como segurança pública, justiça social, exclusão, violências, educação para a paz e solidariedade estarão na pauta de discussões. Parabenizo a CNBB pela iniciativa de escolher um tema tão relevante e urgente para a sociedade brasileira.

Há poucas semanas tive o privilégio de fazer uma conferência em Florianópolis para diretores e coordenadores de Escolas Maristas da região Sul. Foi um encontro memorável. Meu coração se encheu das melhores expectativas ao constatar o grau de mobilização dessas instituições e de seus educadores.

Fiquei imaginando o impacto transformador que essa temática pode ter na vida de milhões de crianças, adolescentes e jovens do Brasil, se todas as Escolas Católicas trabalharem essa temática de forma consistente e bem fundamentada. Essa é a minha esperança... que 2009 seja a semente de muitas mudanças!

Isso me motivou a criar um novo blog, especificamente direcionado a oferecer subsídios para escolas, grupos e comunidades que planejam desenvolver ações em prol da paz e da justiça social. Por favor, visite e ajude a divulgar essa iniciativa:

http://www.campanhadafraternidade2009.blogspot.com/

Ah, sim, também criei uma comunidade no ORKUT, chamada "A paz é fruto da justiça", cujo endereço é:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=74594301

O ESSENCIAL

Tudo que até hoje da Vida aprendi
nas seguintes palavras pode-se resumir:


A única busca
que não podes evitar
é a infindável jornada
em busca do teu verdadeiro Eu

O único amor
que não podes deixar de viver
é a plena aceitação
da Realidade que és

O único caminho
que não podes abandonar
é a tortuosa trilha
que conduz ao recôndito de tua alma

A única semente
que não podes esquecer de plantar
é a sinceridade
de amar-te a ti mesmo

A única mina
que não podes deixar de explorar
é a fonte de pedras preciosas
incrustada nas profundezas de teu espírito

A única flor
que não podes deixar de contemplar
é a rosa incomparável
que só desabrocha nos jardins ocultos de teu coração

A única subversão
que não podes boicotar
é a implosão
de teus antigos e antiquados modelos mentais

A única prece
que não podes desistir de suplicar
é pela perseverança
em tua transformação interna

A única luta
em que não podes te acovardar
é contra a tua própria
preguiça, omissão e auto-piedade

A única dança
que não podes deixar de bailar
é o sagrado ritual
do encontro contigo mesmo

A única decisão
que não podes adiar
é aproveitares, com determinação
cada instante da vida para teu crescimento

* * * * * *


Poema que escrevi em homenagem a meu irmão Peiman, em setembro de 1995.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"A paz é fruto da justiça"

O que é a Cultura da Paz?
É um conjunto de transformações necessárias e indispensáveis para que a paz seja o princípio governante de todas as relações humanas e sociais. A paz não significa ausência de ação, monotonia, passividade. Pelo contrário, é algo dinâmico, em contínua construção, que exige permanente diálogo. Essa é uma caminhada que só acontece pela vontade e pela ação do ser humano. Promover a cultura da paz é, em si, o processo, o aprendizado e a meta.

Como disseminar essa cultura entre as pessoas?
O grande desafio é que essas mudanças não dependem apenas da ação dos governos, nem somente de uma mudança de postura individual. Elas precisam ocorrer em vários níveis: indivíduo, família, comunidade, organizações privadas e públicas e Estados nacionais.

O que pode ser feito para reduzir a violência?
Enfatiza-se muito a repressão à violência, mas esse enfoque é absolutamente ineficiente. O paradigma da Cultura de Paz permite analisar a questão da violência por um prisma muito mais amplo. Um exemplo prático do que precisa ser feito é a Educação para a Paz, um campo de experiências sociais e estratégias pedagógicas que podem ser aplicadas em famílias, escolas, empresas e comunidades.
É importante pensar a cultura da paz nos níveis micro e macro. O primeiro refere-se ao campo de atuação e relações do indivíduo: sua família, bairro, profissão e amizades. As possibilidades de ação nesse nível são infinitas - toda pessoa pode fazer algo simples como sua parcela de contribuição. Mas é preciso atuar também no nível macro, repensar os processos sociais, definir estratégias de mudança coletiva, criar políticas públicas. A paz precisa ser levada a sério, saindo das opiniões do senso comum e buscando-se o conhecimento e a competência.

Como implantar Cultura de Paz onde reina a violência?
Toda injustiça é uma forma de violência e um empecilho à paz. As pessoas das classes pobres e marginalizadas são duplamente vitimizadas: tanto pelas modalidades de violência que ocorrem em todos os segmentos sociais quanto pelas expressões da violência estrutural (fome, discriminação, dificuldade de acesso à educação, saúde e assistência social, falta de perspectivas) que as atingem em cheio.
Feitas essas ressalvas, é preciso combater o crime organizado com todos os recursos que o Estado de Direito permite. De resto, o trabalho em prol da Cultura de Paz nessas comunidades passa pela educação de crianças, adolescentes e jovens, fortalecimento de vínculos familiares sadios, capacitação de educadores, formação de lideranças, promoção da participação cidadã, criação de espaços públicos para a cultura, arte, lazer e esporte, melhoria da qualidade de vida, construção de uma visão compartilhada de futuro, fortalecimento das redes sociais, envolvimento das comunidades religiosas, entre outras medidas.

Como explicar casos de violência entre jovens de classe média, como o dos estudantes acusados de terem espancado um garçom, em Porto Seguro?
Essas ocorrências trágicas comprovam que a associação mecânica entre pobreza e violência é completamente equivocada. A violência existe em todas as classes sociais e não está relacionada apenas a fatores econômicos. Imaginar que a violência no Brasil poderá ser resolvida apenas com a redução do desemprego é ilusório. Há que se considerar também fatores como as relações familiares, o exemplo de vida recebido dos pais, a ausência de limites, os valores éticos, a cultura do "macho man", o uso de drogas, tudo isso inserido no contexto de cultura da violência que vigora em nossa sociedade, incluindo a forma banal e sensacionalista com a qual, muitas vezes, a mídia lida com essa questão.

GENTILEZA - uma breve reflexão

O verdadeiro parâmetro para você avaliar o seu grau de gentileza não é o quão bem você trata os seus "pares" ou "superiores", mas sim como você lida com aqueles que, de algum modo, você considera "abaixo" de si - como por exemplo, os seus empregados ou subordinados, as pessoas que lhe servem, os de uma classe econômica menos privilegiada, os que possuem escolaridade menor que a sua, as crianças e os velhos.

Ser gentil com os seus "pares" pode ser apenas estratégia de sobrevivência, porque você pode precisar deles a qualquer momento. Ser gentil com seus "superiores" (patrão, autoridades, pessoas mais ricas ou poderosas) pode ser mera bajulação. Portanto, cumprimentar os seus vizinhos não vale como indicador de gentileza, mas sim se você cumprimenta os porteiros e serventes de seu prédio, e as empregadas domésticas que circulam no elevador com você. Isso é o que que define a sua gentileza!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Cultura de Paz e o enfrentamento à violência

A seguir, reproduzo o texto de minha autoria publicado pelo Jornal do Brasil e utilizado pela Cesgranrio no concurso para a Petrobras Distribuidora (veja meu post anterior):

A mobilização em prol da paz, no Brasil, nasceu do aumento da violência, principalmente quando a criminalidade passou a vitimizar as classes privilegiadas dos centros urbanos. Desse modo, a paz que os brasileiros buscam está diretamente vinculada à redução de crimes e homicídios. Refletir sobre a construção da cultura de paz passa, portanto, pela análise de como a sociedade compreende e pretende enfrentar o fenômeno da violência. Esse tem sido o tema de inúmeros debates. É possível agrupar, grosso modo, três paradigmas que implícita ou explicitamente estão presentes nessas discussões – o da repressão, o estrutural e o da cultura de paz.

O modelo baseado na repressão preconiza, como solução para o problema da violência, medidas de força tais como policiamento, presídios e leis mais duras. Essas propostas sofrem de um grave problema – destinam-se a remediar o mal, depois de ocorrido. Também falham em reconhecer as injustiças sócio-econômicas do país. Apesar disto, é o mais popular pois, aparentemente dá resultados rápidos e contribui para uma sensação abstrata (mas fundamental) de segurança e de que os crimes serão punidos.

Sem dúvida, o Brasil necessita de reformas que resultem em maior eficiência na aplicação universal das leis, mecanismos de controle social sobre o poder judiciário, e redução drástica da corrupção e impunidade. São também prementes mudanças no sistema policial, colocando-o a serviço da coletividade e expurgando o banditismo de seu seio. Essas transformações são necessárias, mas insuficientes para se alcançar o almejado estado de paz.

O segundo paradigma afirma que a causa da violência reside na estrutura social e no modelo econômico. Consequentemente, se a exclusão e as injustiças não forem sanadas, não há muito o que se fazer. Apesar de bem intencionado ao propor uma sociedade mais justa, esse modelo vincula a solução de um problema que afeta as pessoas de forma imediata e concreta – violência – a questões complexas que se situam fora da possibilidade de intervenção dos indivíduos – desemprego, miséria etc. – gerando, desse modo, sentimentos de impotência e imobilismo.

Uma compreensão distorcida desse modelo tem levado muitos a imaginar uma associação mecânica entre pobreza e violência. É preciso que se contraponha os fatos: (a) A violência se faz presente em todas as classes sociais, faixas etárias e grupos étnicos; (b) Pobreza não é causa de violência. Por outro lado, as disparidades econômicas, a exclusão social e a falta de perspectivas são expressões de violência estrutural, bem como fatores causais da violência interpessoal.

É importante evidenciar a violência estrutural, pois ela encontra-se incorporada ao cotidiano da sociedade, tendo assumido a aparência de algo normal ou imutável. Mas a paz não será conquistada apenas por mudanças nos sistemas econômico, político e jurídico. Há que se transformar o coração do homem.

O terceiro é o paradigma da cultura de paz, que propõe mudanças de consciência e comportamento – inspiradas em valores universais como justiça, diversidade, respeito e solidariedade – tanto de parte de indivíduos como de grupos, instituições e governos. Os defensores dessa perspectiva compreendem que promover transformações nos níveis macro e micro não são processos excludentes, e sim complementares. Buscam trabalhar em prol de mudanças tanto estruturais quanto de atitudes e estilos de vida. Também enfatizam a necessidade e a viabilidade de se reduzir os níveis de violência através de intervenções integradas e multi-estratégicas fundamentadas na educação, na saúde, na ética, na participação cidadã e na melhoria da qualidade de vida.

O primeiro passo rumo à conquista da paz e não-violência no Brasil é uma mudança paradigmática: o modelo da cultura de paz deve tornar-se o foco prioritário das discussões, decisões e ações. Só será possível colher os frutos da Paz quando semearmos os valores e comportamentos da Cultura de Paz. Isso é a tarefa de cada um de nós, começando pelas pequenas coisas e no cotidiano, sem esperar pelos outros. Gradualmente outros serão sensibilizados e decidirão fazer a sua parte também.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Feizi Milani também é cultura!"

Esse foi o assunto do e-mail que recebi de meu amigo Bruno Andrade. No último domingo, ele prestou concurso para a Petrobras Distribuidora. As provas foram elaboradas pela CESGRANRIO.

Bruno me escreveu para contar que a prova de Língua Portuguesa foi baseada em um texto de minha autoria sobre a cultura de paz, publicado pelo Jornal do Brasil, em 02/01/2002. O texto foi quase integralmente transcrito e, em seguida, dez questões de múltipla escolha exploraram aspectos gramaticais e interpretativos do mesmo.

Fiquei muito feliz por dois motivos. Primeiro, que a Cultura de Paz seja abordada e discutida nos mais diversos contextos e situações, inclusive concursos e vestibulares! Segundo, por ter um artigo de minha lavra selecionado por uma instituição como a CESGRANRIO como texto-base de sua prova de Língua Portuguesa!

Pra quem quiser conferir a prova (e testar seus conhecimentos), aqui vai o link:

http://www.cesgranrio.org.br/eventos/concursos/br0108/pdf/prova36.pdf

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O conhecimento e sua socialização - divagações

O conhecimento humano é, por natureza, uma construção coletiva que, ao longo da História, vai se acumulando, evoluindo e modificando, passando por avanços e reviravoltas. O seu propósito deve ser o de beneficiar a humanidade inteira. Para isso, o conhecimento precisa ser compartilhado, ao invés de retido ou ocultado. Por outro lado, a autoria e a propriedade intelectual precisam ser respeitadas – não apenas por razões legais, mas também éticas: o respeito e a valorização daqueles que contribuem ativamente para o avanço das ciências, artes e pensamento.


Aqueles que se dedicam à construção do conhecimento – em qualquer de suas múltiplas expressões – merecem reverência e gratidão de toda sociedade. Não por serem “superiores” aos demais, nem por serem “donos” da verdade, mas por cada um estar contribuindo, de forma única e singular, para o avanço da civilização através de faculdades exclusivamente humanas como o raciocínio, o intelecto, a criatividade, a imaginação, a capacidade de abstração.


Portanto, cabe aos cientistas e pensadores se perceberem como integrantes da sociedade que detém possibilidades especiais de promover a melhoria da vida humana e, conseqüentemente, carregam a responsabilidade de colocar o fruto de suas pesquisas, reflexões e criações a serviço do bem-estar coletivo. Ao mesmo tempo, compete aos cidadãos, autoridades, empresas e governos darem o devido crédito aos autores e aos frutos desse trabalho, entendendo que quem se apropria do trabalho de outrem, sem sua expressa autorização, está roubando. É roubo, e ponto final.


Essas considerações são apenas para explicar que disponibilizei, em meu post anterior, links para diversas entrevistas e textos de minha autoria que podem ser localizados na internet. É minha esperança que sejam úteis para você, estimado(a) internauta. Caso o sejam, por favor, deixe um comentário...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Socializando entrevistas e artigos


A seguir encontram-se links para algumas das entrevistas e publicações de minha autoria que se encontram na internet, classificados em: (1) entrevistas filmadas, (2) entrevistas publicadas, (3) artigos científicos e capítulos de livros, e (4) tese de doutoramento.

ENTREVISTAS FILMADAS

  • Entrevista ao site do Bom Dia Bahia sobre adolescência, relacionamento pais - filhos, violência
http://ibahia.globo.com/bahiameiodia/materias_texto.asp?modulo=2906&codigo=151667
  • Entrevista ao site Painel Brasil TV sobre o lançamento do livro "Tá combinado! Construindo um pacto de convivência na escola", de minha autoria, e outros aspectos da cultura de paz

http://www.painelbrasiltv.com.br/novo/Entrevistas/index.asp?Programa=2&Entrevista=71&TipoVideo=1

ENTREVISTAS PUBLICADAS

  • Entrevista ao jornal A Tarde (Bahia), publicada em 15/06/2008, no Caderno Ciência e Vida, pág. 32, sob o título "Com o crime organizado não existe cultura de paz"
http://www.acao17.org.br/br/site/textos/textos_interna.php?publicacao=1340


  • Entrevista ao jornal A Tarde (Bahia), publicada em 05/07/2008, sob o título "A educação sexual precisa ter reflexões morais"

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=910445


  • Entrevista ao jornal Gazeta do Povo (Paraná), publicada em 10/04/2006, sob o título "Como nas guerras, violência nas escolas pode ter fim"

www.zero41.com.br/download.php?id_download=975


  • Entrevista sobre Cultura de Paz ao site da ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), sob o título "Olhar do especialista: A paz levada a sério" (Nov - Dez 2002)

http://www.andi.org.br/noticias/templates/boletins/template_cafiada.asp?articleid=621&zoneid=22


ARTIGOS CIENTÍFICOS E CAPÍTULOS DE LIVROS


  • "Cultura de paz e ambiências saudáveis em contextos educacionais: a emergência do adolescente protagonista" - texto em co-autoria com Rita de Cássia Dias Pereira de Jesus e Ana Cecília de Sousa Bastos, publicado por Educação (2006), da PUC - Rio Grande do Sul

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/448


    • "Adolescentes: De vítimas da violência a protagonistas da paz" - capítulo de minha autoria inserido no livro "Violência faz mal à saúde" (pp. 267 - 279) - Ministério da Saúde, 2004

    http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/04_1059_M.pdf

    • "De espectadores a protagonistas da Cultura de Paz" - texto de minha autoria publicado na 2ª edição do livro Na inquietude da paz (organizado por Ricardo Balestreri e publicado pelo CAPEC, 2003) - esse texto inclui reflexões sobre os principais desafios do Brasil na construção de uma cultura de paz e sobre protagonismo juvenil.

    http://www.dhnet.org.br/educar/balestreri/inquietude/feize_milani.htm#construir


    • "Adolescência e violência: mais uma forma de exclusão" - artigo de minha autoria publicado por Educar em Revista (1999), do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná

    http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/view/2055


    TESE DE DOUTORAMENTO

    Apresentada ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, para a obtenção do título de Doutor em Saúde Pública, sob o título "Violências x Cultura de paz: A saúde e cidadania do adolescente em promoção"

    http://www.bibliotecadigital.ufba.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=491

    sexta-feira, 12 de setembro de 2008

    O menino na pia





    O menino na pia me diz muita coisa. Seus olhos me fascinam, seu sorriso me convida, seus gestos me educam. A cena me hipnotiza e comove. Emoções se desdobram, memórias se revolvem e sonhos desabrocham ao contemplar o menino na pia.

    O menino na pia é a encarnação da alegria e simplicidade. Ele me recorda que, para ser feliz, basta não pensar no muito que me falta, mas focar naquilo que sou e disponho.

    O menino na pia é a personificação do relaxamento e bem-estar. Vive o momento presente como um presente a ser usufruído plenamente. Da pia, ele observa o mundo e conclui que o melhor é aproveitar cada instante. Agora, por exemplo, é a hora do banho e da curtição. A isto ele se entrega, sem reservas.

    O menino na pia é a expressão da liberdade, da leveza do ser. A água jorrando da torneira é uma grandiosa cachoeira, ele é um corajoso aventureiro, e os frascos de desodorante, seus distintos companheiros, com os quais, generosamente, divide seu fabuloso mundo. Com uma mente tão leve, a imaginação é abundante e o coração vive em paz.

    O menino na pia é a corporificação da fluidez, da confiança. Recebe e dá olhares amorosos, toques carinhosos, risos prazerosos. Recebe e dá afeto, alegria, aceitação. Não há tensão, retenção, pretensão ou ostentação. Apenas a intenção de viver e amar. Tal como precisamos aprender a ser.

    O menino na pia é a sensação gostosa de ser criança. E ser criança é coisa séria, dá muito trabalho. Afinal, não se deixar contaminar pelas preocupações e limitações dos adultos exige esforço e vigilância permanentes! Com sua cara satisfeita e sorriso maroto, o menino na pia não quer saber de “risco Brasil”, “escândalo da CPI”, “guerra ao terrorismo”. Ele deixa essas coisas para aqueles que já não cabem numa pia, já não sabem usufruir um banho, já não conseguem brincar com a imaginação que transforma o frasco de xampu ora em pato, navio, avião, peixe... O menino na pia sabe, consegue e vivencia tudo isso. E nem por isso se sente superior aos demais.

    O menino na pia é o contraponto ao executivo em sua onipotente poltrona empresarial e ao rei, em seu reluzente trono imperial.

    O menino na pia é o lembrete que eu, também, poderia ter estado lá, naquele estado de plena satisfação. Agora já não me é suficiente a pia, teria que ser uma banheira. Com hidromassagem! Ele, caso deseje, poderá um dia estar em meu lugar. Eu, no entanto, já não tenho mais a opção de estar no lugar dele. Para ele, tudo é futuro. Para mim, muita coisa ficou no passado e algumas, ocultam-se adiante nos labirintos do tempo vindouro.

    O menino na pia, para meu orgulho e honra, é meu sobrinho!

    PS: Escrito em 25.11.2004, em homenagem a Daniel Badi, meu amado sobrinho.

    sábado, 6 de setembro de 2008

    Ao (verdadeiro) mestre, com carinho

    Confesso que quando tu chegaste, tive a certeza de que irias aprender muito comigo. Não que eu fosse presunçoso ou preconceituoso, mas... vendo a tua aparência, jeito de se comportar e hábitos, foi essa a conclusão a que cheguei. Quando eu soube que nem falavas o nosso idioma, concluí que sem a minha assistência, não sobreviverias nessa terra tão estranha para ti. E assim, tomei para mim o papel de teu guia.

    A verdade é que gostei de ti desde o primeiro momento. Sentimento puro e espontâneo, daqueles que a gente sabe que é verdade e não ousa nem questionar. Gostei tanto que prometi a mim mesmo ensinar-te tudo o que sei. Que privilégio ele terá, pensei, ser meu aluno e absorver os meus ensinamentos!

    O tempo foi passando e eu continuava empenhado em te transmitir os conhecimentos e as habilidades que julgava indispensáveis para cresceres no mundo em que vivemos, já que vieste de um lugar bem diferente. Admirava-me com o fato de estares sempre disposto a aprender, mesmo que, às vezes, me parecesses um pouco lento. Mas sentia-me estimulado por demonstrares grande satisfação e sincera gratidão por cada lição que eu te transmitia. E continuava imaginando ser eu, de fato, o mestre.

    Como eu estava iludido! Demorei tanto tempo para perceber que, desde o princípio, tu é que estavas a me educar, abrindo-me novos horizontes, colocando-me diante de desafios inéditos, resgatando de minha alma o que há de mais íntegro e verdadeiro. Tu ias me educando e transformando com tanta sabedoria e sutileza que eu nem mesmo havia me dado conta, mas numa profundidade que nenhum outro mestre havia conseguido até então.

    Em minha ignorância, eu havia confundido a tua não-utilização de palavras com ausência de conhecimento; a tua pequena estatura com limitada capacidade; a tua simplicidade, com superficialidade; a tua alegria e espontaneidade com frivolidade. Em minha soberba, desejei que fosses igual a mim, criei expectativas daquilo que deverias alcançar, imaginei saber o que seria “o melhor” para ti, quis fazer por ti escolhas que eram tuas.

    Recordo-me que meu pai sempre dizia você só saberá o que é ser pai o dia em que tiver um filho. O tempo provou que ele tinha razão. Olhando para a minha vida em retrospectiva e na correta perspectiva, descubro maravilhado que tu, meu amado filho Naím, tens me educado desde o momento em que entraste em minha existência.

    Tu me ensinaste a ser pai e continuas a fazê-lo a cada dia. Tu abriste para mim as portas de uma nova dimensão do Amor, um amor que almeja a incondicionalidade, a pureza e o desprendimento absolutos, um amor que curou chagas de meu coração que pareciam incuráveis, um amor que vem me transformando num ser mais humano, digno e compassivo, um amor que me desafia a ir além, a crescer mais, um amor que faz de mim o mais forte de todos os homens e, ao mesmo tempo, o mais sensível.

    É bem verdade que te ensinei a falar a língua dos homens. Mas tu me lecionas a comunicação mais perfeita, que independe de palavras, pois conecta coração a coração e pode se expressar de infinitas formas -- pelo olhar, sorriso, toque, abraço, cafuné, colo, beijo, cheiro, riso, brincadeira, faz-de-conta, silêncio, ouvindo, e até mesmo, contando histórias, cochichando ou conversando.

    Aprendi contigo a beleza e o profundo significado dos pequenos gestos e das coisas simples, a regozijar-me com vitórias que podem parecer insignificantes para os obtusos. Tu me fizeste viver o presente com a máxima intensidade e, ao mesmo, pensar no futuro com responsabilidade.

    Pelos labirintos do cotidiano tu me conduzes, oferecendo silenciosas lições de paciência, diálogo, acolhimento, convivência e aceitação. Os misteriosos caminhos do coração vamos trilhando de mãos dadas, buscando, por nossa livre e espontânea vontade, construir a verdade de um afeto eterno.

    Sim, tu és o educador e eu, o aprendiz. Tu és o mestre e eu, o discípulo. E os ensinamentos e experiências que tu tens me proporcionado, meu filho, nenhum professor ou guru poderia transmitir.

    Sem tu, Naím, minha vida seria destituída de cor, sabor, odor e calor. Seria como uma pintura desbotada, refeição sem tempero, flor sem perfume, verão sem sol. Seria vazia, sem graça. E eu seria um homem realmente pobre, carente de tantas coisas lindas que tu me proporcionas. Acima de tudo, seria uma alma menos evoluída.

    É por tudo isto que desejo expressar tanto o Amor que sinto por ti, o qual palavra alguma jamais poderá descrever, abarcar ou traduzir, como também, a minha gratidão. Saibas, em teu coração, que sou infinitamente grato - a Deus, por haver me concedido o privilégio de ser teu pai, e a ti, por haveres me transformado.

    PS: Escrito em 26.01.1999 e publicado hoje, data de nascimento de Kamili, em homenagem ao meu filho primogênito, Naim.

    quarta-feira, 3 de setembro de 2008

    Esperando por Kamili

    Hoje acordei cedo, bem mais cedo de que o habitual, para esperar por você. Tenho esperado por você há nove meses. Não, minto, tenho esperado há muitos anos e, nos últimos nove meses essa esperança se intensificou exponencialmente. E hoje... bem, hoje é o dia.

    Hoje é o dia em que você deverá chegar. Assim nos disse a médica. E é assim que parece que será. Mas você não chegará sozinha. Junto consigo, você nos trará júbilo e regozijo, alegria e gratidão, orgulho e humildade, sonho e realidade, mundo angélico e mundo humano. Trará também uma nova energia e vitalidade, uma disposição maior de amar sem restrições, de doar-se, de ter paciência e ser compreensivo, de perdoar, de buscar o verdadeiro sentido da existência.

    Veja só que benção! O verdadeiro e incomparável presente é você, mas como bênçãos adicionais, você nos traz todas essas dádivas. Só posso recolher-me em minha alma e agradecer, agradecer profundamente por você estar chegando...

    Muito antes de haver posto os meus olhos sobre você, eu já havia lhe posto acima de qualquer prioridade. Nem lhe conheço ainda, mas você já ocupa vastas extensões desse planeta chamado “meu coração”, algumas das terras mais nobres e valorizadas.

    Dizem que toda vez que nasce um bebê, é um sinal de que Deus ainda tem esperanças na humanidade. Passei a acreditar nisso, e de coração! Seria inconcebível que o Pai Celestial, em Sua Suprema Generosidade e Infinita Graça, enviasse a este mundo almas puras e seres delicados como os bebês a não ser que Ele realmente acreditasse que o ser humano é capaz de transformar o globo em um lugar maravilhoso e feliz, um lugar condigno para receber esses seres especiais.

    É assim que eu lhe aguardo, Kamili. Sentindo-me privilegiado e despreparado, ansioso e indigno, feliz e esperançoso. Seja muito bem-vinda! Que a sua vida seja um testemunho dos mais elevados valores e nobres virtudes que se pode almejar – não como meta a ser conquistada em definitivo, mas como motor que impulsiona e Norte que guia na caminhada, no processo da caminhada!