quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"A paz é fruto da justiça"

O que é a Cultura da Paz?
É um conjunto de transformações necessárias e indispensáveis para que a paz seja o princípio governante de todas as relações humanas e sociais. A paz não significa ausência de ação, monotonia, passividade. Pelo contrário, é algo dinâmico, em contínua construção, que exige permanente diálogo. Essa é uma caminhada que só acontece pela vontade e pela ação do ser humano. Promover a cultura da paz é, em si, o processo, o aprendizado e a meta.

Como disseminar essa cultura entre as pessoas?
O grande desafio é que essas mudanças não dependem apenas da ação dos governos, nem somente de uma mudança de postura individual. Elas precisam ocorrer em vários níveis: indivíduo, família, comunidade, organizações privadas e públicas e Estados nacionais.

O que pode ser feito para reduzir a violência?
Enfatiza-se muito a repressão à violência, mas esse enfoque é absolutamente ineficiente. O paradigma da Cultura de Paz permite analisar a questão da violência por um prisma muito mais amplo. Um exemplo prático do que precisa ser feito é a Educação para a Paz, um campo de experiências sociais e estratégias pedagógicas que podem ser aplicadas em famílias, escolas, empresas e comunidades.
É importante pensar a cultura da paz nos níveis micro e macro. O primeiro refere-se ao campo de atuação e relações do indivíduo: sua família, bairro, profissão e amizades. As possibilidades de ação nesse nível são infinitas - toda pessoa pode fazer algo simples como sua parcela de contribuição. Mas é preciso atuar também no nível macro, repensar os processos sociais, definir estratégias de mudança coletiva, criar políticas públicas. A paz precisa ser levada a sério, saindo das opiniões do senso comum e buscando-se o conhecimento e a competência.

Como implantar Cultura de Paz onde reina a violência?
Toda injustiça é uma forma de violência e um empecilho à paz. As pessoas das classes pobres e marginalizadas são duplamente vitimizadas: tanto pelas modalidades de violência que ocorrem em todos os segmentos sociais quanto pelas expressões da violência estrutural (fome, discriminação, dificuldade de acesso à educação, saúde e assistência social, falta de perspectivas) que as atingem em cheio.
Feitas essas ressalvas, é preciso combater o crime organizado com todos os recursos que o Estado de Direito permite. De resto, o trabalho em prol da Cultura de Paz nessas comunidades passa pela educação de crianças, adolescentes e jovens, fortalecimento de vínculos familiares sadios, capacitação de educadores, formação de lideranças, promoção da participação cidadã, criação de espaços públicos para a cultura, arte, lazer e esporte, melhoria da qualidade de vida, construção de uma visão compartilhada de futuro, fortalecimento das redes sociais, envolvimento das comunidades religiosas, entre outras medidas.

Como explicar casos de violência entre jovens de classe média, como o dos estudantes acusados de terem espancado um garçom, em Porto Seguro?
Essas ocorrências trágicas comprovam que a associação mecânica entre pobreza e violência é completamente equivocada. A violência existe em todas as classes sociais e não está relacionada apenas a fatores econômicos. Imaginar que a violência no Brasil poderá ser resolvida apenas com a redução do desemprego é ilusório. Há que se considerar também fatores como as relações familiares, o exemplo de vida recebido dos pais, a ausência de limites, os valores éticos, a cultura do "macho man", o uso de drogas, tudo isso inserido no contexto de cultura da violência que vigora em nossa sociedade, incluindo a forma banal e sensacionalista com a qual, muitas vezes, a mídia lida com essa questão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Floco de Neve

"Sabes me dizer quanto pesa um floco de neve?"perguntou um pardal a um pombo silvestre.
"Nada de nada", foi a resposta.
"Nesse caso vou lhe contar uma história maravilhosa", disse o pardal.
"Eu estava sentado no ramo de um pinheiro quando começou a nevar.Não era nevasca pesada ou furiosa. Nevava como em um sonho: sem ruído nem violência. Já que não tinha nada melhor a fazer, pus-me a contar os flocos de neve que se acumulavam nos galhos e agulhas do meu ramo.Contei exatamente 3.741.952. Quando o floco número 3.741.953 pousou sobre o ramo – nada de nada como você diz – o ramo se quebrou."

Dito isso, o pardal partiu em vôo.
A pomba, uma autoridade no assunto desde Noé, pensou um pouco na
história e finalmente refletiu:
"Talvez esteja faltando uma única voz para trazer paz ao mundo".

Conto adaptado de New Fables: Thus Spoke the Caribou, de Kurt Kauter, e publicado na Revista Thot, nº 58, 1993, da Palas Athena.

Retirei este conto do www.educacaoparapaz.com.br

Anônimo disse...

Fiquei muito feliz em ler este texto. Achava eu que a pobreza gerava a violencia, mas o problema maior da violencia tem sido a ignorancia (ligado a falta de informacao ou a nao aceitacao destas,a falta de criticidade), o individualismo,a falta de dialogicidade entre os individuos...
Feizi, gostei bastante de seu blog e de saber que sera meu professor.