terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Lunático

Sempre que apareces assim, em teu esplendor pleno, em tua beleza radiante, sinto que fico ensandecido. Tento, em vão, desviar o meu olhar, mas algo em ti me hipnotiza e volto a te contemplar, extasiado.

Sei que jamais serás minha, mas ainda assim sonho em ter-te só para mim. E faço de conta que não sei que derramas teu charme para todo e qualquer homem, até mesmo para os que não te dão atenção. Apesar de tudo, não tenho ciúme. Eu me conformo, desde que eu sinta que, em meio à multidão de admiradores e apaixonados, tu me percebes.

Tu sabes, como ninguém, cultivar essa aura de mistério - convidativa e distante ao mesmo tempo, por vezes, exibida ou tímida, sensual ou fria - o que te torna mais sedutora ainda.

Faço de conta que não existes, mas ao primeiro sinal de tua aparição, todo o meu ser se altera. Pra ser sincero, já me dei conta que, desde a véspera, entro num estado de expectativa e excitação, como se a intuição colocasse todo o corpo em estado de alerta. Fico sensível, agitado, inundado de desejos.

Tento me esquecer de ti, dessa paixão impossível, mas logo descubro tratar-se, na realidade, de um amor incurável. Às vezes me aborreço por teres um efeito tão intenso sobre mim, como se eu não conseguisse me controlar. “Quem ela pensa que é ?”

E quando resolves brincar de esconde-esconde, fugindo de mim por detrás de árvores, prédios, nuvens ? ... Atiças meu desejo e reafirmas que és livre, segues teu próprio ciclo e que ninguém te controla. Que posso fazer ?

Quando vais embora sem me avisar, fico magoado, furioso e indignado com tua falta de consideração... Mas já me acostumei a teus hábitos e aceitei as condições que estabeleceste para o nosso relacionamento. Que posso fazer ?

Mas essa indignação desaparece assim que ergo os olhos e descubro que tu, Lua Cheia, estás a iluminar o céu da Terra e do meu coração, também. Pena que demoras 28 dias para regressar e trazer de volta a minha inspiração.